Povoado Alecrim, fim de tarde de 10 de janeiro de 2015... Quando pensei que já tinha visto de tudo na política de Malhador, eis que a filha de Dedé do Inhame, que por estes tempos ocupa o cargo de Prefeita, me surpreende. A Prefeita Elayne de Dedé (como gosta de ser chamada) consegue a façanha de regredir no tempo histórico e coloca em prática uma política que até os Prefeitos dos mais miseráveis rincões do Brasil sentem-se envergonhados de realizar. ‘Nossa’ Prefeita, juntamente com a sua comitiva, desfila espalhafatosamente pelas ruas, distribuindo feijão e suco para a população; como se esta fosse composta por um bando de miseráveis à espera dessa esmola para poder saciar sua fome.
Ao ver esta cena tacanha e até engraçada, de uma Prefeita no meio da rua correndo desesperadamente atrás da população para entregar feijão e suco, me pus a perguntar quais os motivos, as razões e as circunstâncias que a levaram a reeditar uma prática assistencialista usada somente nos tempos do Coronelismo Brasileiro ou em épocas de calamidades públicas decorrentes de enchentes ou longos períodos de estiagem. O que não é o caso de Malhador.
Caro leitor e cidadão malhadorense, convido-o durante os poucos minutos que transcorrerão nesta leitura, para que juntos, possamos refletir sobre essa regressão política. O que levou a Prefeita Elayne de Dedé a regredir no tempo histórico e distribuir feijão e suco para a população como se estivesse governando um Município de miseráveis mortos de fome?
Ao me deparar com a situação acima descrita, confesso que me senti como se estivesse voltado no tempo e ido direto para o Império Romano, em anos anteriores ao nascimento de Jeusu Cristo. Segundo o historiador Pedro Paulo Funari, os imperadores utilizavam a Política do Pão e Circo como uma forma de entreter e alienar a população pobre. Ainda segundo Funari, nos grandes centros esportivos, a exemplo do Coliseu, eram realizados alguns esportes, dentre os mais populares encontrava-se a luta de gladiadores. Nos intervalos dessas lutas, os funcionários do Império distribuíam pão para os pobres que estavam presentes. Era a forma encontrada pelos imperadores de enganar a população e tirar o foco dos reais problemas que assolavam o Império Romano. Com a Política do Pão e Circo, os imperadores conseguiam alienar a população, tirar o foco dos reais problemas do Império e ainda lutar contra a impopularidade dos seus governos.
E foi assim que vi Elayne nas ruas do Povoado Alecrim! Uma versão moderna e atabalhoada dos imperadores, reeditando a velha política romana, fazendo a sua Política do Pão e Circo Malhadorense. Só que desta vez, o pão era substituído por feijão e suco (combinação difícil de entender na literatura nutricional), e o espetáculo que buscava entreter a população era substituído pela fala de um locutor, anunciando os nomes de todos aqueles que pegavam o feijão e suco no carro de entrega.
Em pleno século XXI, uma Prefeita, com nível superior, institucionaliza uma política ultrapassada, arcaica, assistencialista e pejorativamente populista. A população de Malhador passa a ser tratada de maneira miserável, tendo que correr atrás de um carro para pegar alguns quilos de feijão e uns poucos pacotes de suco, enquanto um locutor berra no microfone que isso “é vida em desenvolvimento”. E mesmo quando a população se nega ir de encontro ao carro, por estar constrangida e envergonhada, os seus funcionários adentram nas casas, coibindo os cidadãos a pegar aquelas migalhas.
Meu digníssimo leitor, enquanto escrevia este texto, cheguei a uma resposta ao questionamento que fiz no terceiro parágrafo. Assim como os Imperadores Romanos, a atabalhoada Prefeita Elayne de Dedé está objetivando com essa ação, não menos atabalhoada que ela mesma, camuflar as mazelas da sua administração, que passa por obras atrasadas, por nepotismo escancarado, por contratos sem licitação e pelo descaso para com direitos trabalhistas, a exemplo do não pagamento do Piso Salarial dos Professores.
Seria mais digno cadastrar as famílias mais necessitadas e distribuir, de maneira criteriosa, racional, regular e sistemática um quantitativo mensal de cestas básicas, tornando dignos os cidadãos que as recebem. Mas infelizmente esse é o Governo de Elayne de Dedé, marcado por políticas sociais e trabalhistas absurdas, que desrespeitam os princípios básicos da cidadania e condicionam o cidadão a uma situação paupérrima de submissão ao poder público, como se estivéssemos em pleno período Coronelista.
Essa é Elayne, filha de Dedé! Uma Prefeita que busca a todo custo elevar seus baixos níveis de popularidade, com uma demasiada necessidade de fazer propaganda de tudo e qualquer coisa. Mesmo que seja a pintura de um canteiro de uma praça ou a distribuição de alguns quilos de feijão e pacotes de suco.
Essa é Elayne de Dedé...! Uma Prefeita que convive com o pesadelo de um caderno de obras, que mesmo que lhes fosse concedido uma monarquia absolutista e perpétua, não se concluiria 15% das ilusórias e enganosas propostas. Esse é o fantástico, ilusório e enganoso mundo de Elayne de Dedé e da sua Política do Pão e Circo Malhadorense.
Para concluir, confesso que ao observar as atitudes deste Governo, reforço, em mim, duas certezas: a de que o Governo de Elayne de Dedé não está contribuindo para colocar Malhador no caminho de um desenvolvimento que traga oportunidades e autonomia ao nosso povo. Segundo, Malhador e nossa gente precisam, urgentemente, superar essa velha política e esses velhos políticos de alma, que só pensam em fazer do nosso povo querido e trabalhador, uma massa de manobra para se manter no poder.