O ENEM E O ENSINO EM SERGIPE: CAMINHOS PARA UMA APROXIMAÇÃOA introdução do ENEM como instrumento de seleção para o ingresso nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) representou uma mudança de paradigma, a qual está sustentada em duas vertentes: A seleção unificada e a reestruturação do Ensino Médio.
A seleção unificada Busca democratizar o acesso ao IFES em que, um aluno de qualquer Estado da Federação pode escolher cursar o Ensino Superior em outro Estado. A segunda intenção do MEC para a adoção do ENEM é a indução a reestruturação dos currículos do ensino médio. Assim, “a nova prova do Enem traria a possibilidade concreta do estabelecimento de uma relação positiva entre o ensino médio e o ensino superior. Nesse contexto, a proposta do Ministério da Educação é um chamamento. Um chamamento às IFES para que assumam necessário papel, como entidades autônomas, protagonistas no processo de repensar o ensino médio, discutindo a relação entre conteúdos exigidos para ingresso na educação superior e habilidades que seriam fundamentais, tanto para o desempenho acadêmico futuro, quanto para a formação humana”. Portanto, “Um exame nacional unificado, desenvolvido com base numa concepção de prova focada em habilidades e conteúdos mais relevantes, passaria a ser importante instrumento de política educacional, na medida em que sinalizaria concretamente para o ensino médio orientações curriculares expressas de modo claro, intencional e articuladas para cada área de conhecimento”. Para compreender essa mudança é preciso entender como funcionava o vestibular tradicional e os seus efeitos no ensino médio. Assim, duas são as características básicas do chamado “vestibular tradicional”: muito conteúdo, pouca reflexão; sustentado no perfil de conhecimento do livro Didático. Dessa forma, o livro didático era a principal fonte de conhecimento com predomínio da informação sobre a reflexão. O ENEM segue numa situação inversa do vestibular tradicional: menos conteúdo e mais reflexão. A reflexão predomina sobre a informação e a sua fonte de conhecimento são as obras de pensadores de cada época e obras contemporâneas de pesquisadores sobre o processo histórico. Por exemplo, no ENEM de 2013, na área de conhecimento das Ciências Humanas, foram extraídos pensamentos dos seguintes pensadores clássicos: Martin Luther King, Montesquieu, Peter Burke, Immanuel Kant, Norbert Elias, René Descartes, David Hume, Maquiavel, Jungue Harbermas etc., além de fontes como a Revista da USP e a Revista Isto É, e o Jornal O Estado de São Paulo. Desse modo, esse tipo de paradigma educacional, exige que o professor trabalhe, com certa profundidade, a produção do conhecimento, exigindo, assim, desses profissionais, amplo domínio teórico dos conteúdos e muita sintonia com as questões da atualidade. Isso significa uma aproximação entre as obras clássicas lidas pelos professores na graduação e os conteúdos a serem abordados no ensino secundário. Portanto, o mérito do ENEM está em criar uma ponte entre a graduação e o ensino médio, valorizando as obras clássicas que sustentam o pensamento ocidental e fazendo valer cada minuto dedicado à leitura de um bom livro na universidade e fora dela. |
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